Monday, October 30, 2006

Rogério Duprat




Na imagem do alto, o maestro, em foto mais recente. Abaixo, na capa do lendário LP Tropicália ou Panis etc Circenses - marco do tropicalismo -, Duprat segura um penico.


Poucos movimentos estético-culturais marcam profundamente o imaginário de uma nação. O Tropicalismo foi um deles. Filhos do Modernismo, os tropicalistas reviraram do avesso concepções de um velho tempo. Repisaram paradigmas – estéticos, morais – para que dali florescesse uma nova identidade brasileira. Ou novas identidades, com toda a riqueza que a pluralidade de nossa herança cultural, multifacetada, colorida, pudesse proporcionar.

Provocou um país para ele se descobrisse por inteiro: em sua cafonice, em sua vocação para o paradoxo, no choque provocado pela industrialização abrupta,embora tardia.

Se Caetano, Gil, Torquato Neto, Tom Zé e Mutantes – e outros tantos –, lançaram a centelha, com propostas musicais inovadoras e uma atitude provocadora, o contorno estético da Tropicália não seria o mesmo sem, entre outros, o maestro Rogério Duprat.
Carioca que adotou São Paulo a partir da década de 1950, o maestro, que compôs trilhas para filmes de Walter Hugo Khouri (“A Ilha”, “Noite Vazia” e “Corpo Ardente”), foi o responsável direto pela sonoridade dos tropicalistas.

Duprat morreu na quinta-feira passada, depois de anos de reclusão forçada por conta de problemas de saúde.

Mas ainda sinto este país balançado por seus arranjos delirantemente perturbadores. Os ecos de Panis et Circenses ainda estão por aí...

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